|
História e fundação Pelo menos desde os anos trinta do século passado é possível obter referências sobre o gosto pela actividade teatral em Minde. Em 1930 representava-se “ O tio Mateus”, iniciativa de Aníbal Chavinha e algum tempo mais tarde “A Vida de Cristo” e “As duas órfãs”, sob a direcção de Miguel da Mota Veiga.
A representação fazia-se então em palcos improvisados, nomeadamente no armazém da fábrica dos Raposos.
Em 1952 inaugurava-se, ainda por acabar, o Cine-Teatro da Associação Pró-Infância Roque Gameiro. Em 1964 esta Associação cedeu os seus bens e dívidas à Casa do Povo, extinguindo-se em seguida, ficando o Cine-Teatro a pertencer à Casa do Povo de Minde, que é ainda actualmente a sua proprietária.
O Teatro, que até essa data não tinha sido dedicado a nenhuma personalidade, foi dedicado em 1995 a Rogério Venâncio na comemoração dos seus 75 anos e 50 de permanência em Minde, ficando a partir de então a chamar-se Cine-Teatro Rogério Venâncio.
Actividade Tanto Miguel da Mota Veiga, já falecido, como Rogério Venâncio, felizmente ainda vivo, fizeram a sua vida como profissionais da Contabilidade, e vieram de outras localidades para prestar serviço no escritório da firma Emídio da Silva Raposo.
Rogério Venâncio sucedeu a Miguel da Mota Veiga em 1945 e os seus conhecimentos e interesse pelo Teatro vinham da actividade que neste campo exerceu em Lisboa enquanto jovem. Tendo vindo para Minde e encontrando ambiente propício foi ele que influenciou a população local no sentido da construção do Teatro e que sempre, ao longo dos últimos 60 anos, lhe deu alma.
Podem referenciar-se algumas realizações teatrais ao longo deste tempo, quase todas da iniciativa de Rogério Venâncio:
1952 – “O cão e o gato” e “Um migalho de Fita” – espectáculo de inauguração do Teatro
1962 – “O Padre Piedade”
1968 – “O Poder de Fátima” e “Amores no Alentejo”
1973 – “O homem que fazia Chover” 1975 – Revista “Só Bocas” e “A Bisbilhoteira”
1976 – Revista “Tá no ir”, “Maria Emília”, “Quando Manda o Coração” e “À unha”
1977 – “O Poço do Bispo”
1978 – “Velharias”
1979 - “O Caso Rosemberg” pelo Grupo de Teatro do Juncal
Outras peças representadas em datas desconhecidas:
- Sopa Juliana
- A Srª Ministra
- Antiguidades
- O Olho da Providência
Mais recentemente:
1981 – Revista “O Zé tá de tanga”
1984 – “A Madre Alegria”
1991 – “O Concerto de Santo Ovídio”
1993 – “O Troca Tintas” (já antes representado em data desconhecida)
1996 – “O andarilho das sete partidas”
1998 – “Leandro, Rei da Helíria”
2000 – “O Gato”
2001 – “Irmã Clara e Pai Francisco”
2003 – Revista “Aperta o cinto oh Zé”
2004 – “Um fantasma chamado Isabel”
2004 – “O leitinho do Néné”
2005 – “O Prémio Nobel”,
(espectáculo destinado a inaugurar as obras de reconstrução do Cine-Teatro de Alcanena, a ocorrer em finais do corrente ano, mas que foi já à cena em Minde no corrente mês).
Deve notar-se que alguns dos últimos espectáculos foram já encenados e dirigidos por elementos que receberam parte da sua formação teatral com Rogério Venâncio. Assim fizeram as suas experiências de encenação, para além do seu filho Rui Venâncio, desde 1998, Elsa Nogueira, António Inácio, Mário Anjos, Fernando Paulo e Manuel Reis. Actualmente encontram-se em fase de projecto os próximos três espectáculos.
Para além desta actividade teatral o Cine-Teatro tem estado ao longo destes anos ao dispor das colectividades da terra que nele apresentam regularmente as suas actividades – concertos pela Banda da Sociedade Musical Mindense, música e dança pela Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro, espectáculos da Catequese, etc.
A sala de espectáculos do Cine-Teatro funciona como Auditório da Escola de Música e Dança do Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro. No entanto, actualmente não tem condições para receber instrumentos de grande porte, tais como, pianos de cauda, ou espectáculos com um número razoável de participantes.
Tem servido ainda de sala de visitas para recepção a entidades oficiais, para a realização de conferências, para apresentações e exposições ligadas à indústria, e até para local de oração de confissões religiosas que não tem instalações na localidade.
Teve ainda um período em que apresentou cinema com regularidade, ainda que essa actividade esteja posta de parte, entre outras razões porque o equipamento de projecção se tornou obsoleto e porque, sem aquecimento, a actividade é impraticável no Inverno.
Actualmente encontra-se em formalização um protocolo com a Escola EB2,3 de Minde para apoio ao Grupo de Teatro deste estabelecimento. Pretende-se aproveitar as sinergias existentes para a formação teatral de alunos que tanto interesse têm manifestado pela arte de representar, no âmbito das disciplinas leccionadas por aquele estabelecimento de ensino.
O grupo de teatro Boca de Cena conta com cerca de 50 colaboradores, totalmente amadores, cada um vocacionado para desempenhar uma dos papéis indispensáveis ao sucesso dos espectáculos teatrais que vão sendo apresentados (actor, encenador, cenógrafo, luminoteca, sonoplasta, aderecista, contra-regra, ponto, caracterizador, ajudante de cena, entre outros).
Minde, 20 de Abril de 2006
|
|